A sede do Parque Natural do Fogo exemplo de infraestrutura sustentável em espaços naturais protegidos: com um consumo de energia 100% renovável, melhorando a sua eficiência energética e criando um novo espaço exterior que potencia a sua utilização para o turismo e para a comunidade local.

 

No passado dia 18 de Março de 2021, o Delegado do Ministério da Agricultura e Ambiente de Cabo Verde na ilha do Fogo, Sr. Jaime Pina; a Coordenadora do Parque Natural do Fogo, Sra. Hélia Semedo; a Assistência Técnica do Projecto SOSTURMAC em Cabo Verde, Sra. Laura Perez; e o Sr. Eurico Teixeira, como representante da empresa local responsável pelas obras de construção, Gama Engenharia e Construção, Lda, dirigida pelo Sr. Joaquim Gomes, visitaram as instalações, assinando a certificação final da obra. Pela sua parte, a receção final da Instalação Solar Fotovoltaica executada pela empresa local REPOWER Energias Renováveis & Eficiência Energética, dirigida pelo Sr. Heleno Sanches, foi realizada em dezembro de 2019, data a partir da qual tem funcionado normalmente.

A intervenção efetuada tem contribuído para a criação de um edifício mais sustentável, confortável e com maior potencial de aproveitamento por parte do PNF-DNA-MAA , parceiro do projeto SOSTURMAC, bem como para a divulgação dos valores do Parque e faz do Parque Natural do Fogo um exemplo de compromisso com a sustentabilidade numa área natural protegida, e ainda mais se tivermos em conta que este espaço é uma das 7 Maravilhas de Cabo Verde e que a ilha do Fogo foi recentemente nomeada Reserva da Biosfera pela UNESCO.

Instalações de energia solar fotovoltaica

Uma central solar fotovoltaica isolada com bateria de reserva, totalmente autónoma, torna-a um local 100% energeticamente sustentável, e garante o seu funcionamento 365 dias por ano, com uma poupança potencial de emissões anuais para a atmosfera de 3.065 kg / CO2. Para além dos benefícios ambientais, isto permite à sede alargar o seu horário de funcionamento, melhorar o atendimento aos habitantes ou turistas e as condições de trabalho da equipa gestora do Parque, uma vez que o núcleo da Portela onde se localiza a sede não dispõe de fornecimento de eletricidade. Também permite oferecer alguns serviços adicionais tanto aos visitantes como à população local, tais como o carregamento de pequenos dispositivos elétricos através de carregadores USB ou o carregamento de bicicletas elétricas, o que torna a sede um ponto focal numa população sem abastecimento de eletricidade.

Melhorar a eficiência energética

As melhorias introduzidas na envolvente e a otimização dos consumos energéticos, permitem diminuir o sobreaquecimento no interior do edifício e melhoram o conforto térmico, reduzindo a necessidade de consumo adicional de energia. O exterior do edifício foi pintado com tinta ecológica de Alta Eficiência e as cores foram selecionadas tendo em conta a carta de cores do Plano Detalhado de Chã das Caldeiras. As 14 venezianas de treliça instaladas permitem regular a entrada de radiação no interior e, portanto, reduzem a temperatura interior e permitem regular a iluminação excessiva. As lâmpadas LED instaladas (interiores e exteriores) representam uma poupança de 50% em relação ao consumo anterior para iluminação, e com uma vida útil mais longa, reduzem também os custos de manutenção e substituição.

Otimização do consumo dos recursos energéticos

A sede do PNF foi equipada com uma estação meteorológica inteligente e compacta “MeteoINT”, desenhada e desenvolvida pelo Projeto SOSTURMAC. Este dispositivo permite a monitorização contínua da sede e emite avisos se houver uma situação de desconforto, fornecendo recomendações simples de ação aos usuários, tais como fechar ou abrir janelas e venezianas, garantindo o conforto térmico do edifício sem consumir energia adicional. Para, além disso, dispõe de outro equipamento MeteoINT para a parametrização de “Funcos”, arquitetura tradicional ligada principalmente a ambientes rurais, muito presente na zona de Chã das Caldeiras.

Melhoria da acessibilidade

As melhorias realizadas na acessibilidade do edifício, incluindo uma rampa de acesso pedonal, com corrimão e antiderrapante, permitem o acesso à Sede para utilizadores/as em cadeiras de rodas, o que permitiria o desenvolvimento de uma rota turística adaptada.

Condicionamento exterior da sede

O espaço exterior foi condicionado e concebido como uma área de descanso, o que aumenta as suas possibilidades de utilização turística e para a comunidade local. A praça construída está dotada de uma pérgula, dois bancos, conectores elétricos USB para carregar pequenos equipamentos eletrónicos, um posto de carregamento para bicicletas elétricas e mobiliário urbano para publicidade integrada (MUPI). A pérgula ajuda a cercar o espaço, proporciona proteção contra o sol e ajuda a arrefecer a fachada oeste da sede, que é a que suporta mais radiação. O MUPI permite disponibilizar informação turística e divulgativa sobre o PNF, inclusive quando a sede está fechada. Os pontos de carregamento permitem oferecer novos serviços ao visitante e à população local. Além disso, a praça foi pavimentada com peças fabricadas pelo Gabinete Técnico de Chã das Caldeiras e as paredes perimetrais da praça e do edifício foram revestidas com pedras vulcânicas e rematadas com peças pré-fabricadas de acordo com o código estético das obras públicas de Chã das Caldeiras.

 

A intervenção no seu conjunto demonstra a viabilidade deste tipo de ações em edifícios ligados a espaços naturais protegidos, servindo de exemplo para a sua possível replicabilidade e consolidando o Parque Natural do Fogo como exemplo de uma entidade comprometida com o desenvolvimento sustentável com medidas tangíveis. Ter uma sede energeticamente sustentável deve ser uma prioridade para as entidades gestoras de espaços naturais, visando a proteção da biodiversidade e a melhoria dos recursos naturais na perspetiva do desenvolvimento sustentável.

Outros estudos e resultados deste projeto europeu, tais como as Rotas Sustentáveis ​​SOSTURMAC, destacam o valioso património natural e cultural desta área protegida, recursos que devem ser preservados e valorizados para que o ecoturismo e o turismo cultural sejam uma oportunidade de melhoria socioeconómica.

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